p/Witer Brasil
1 - Limpeza do meio ambiente um compromisso ético.
Para lançar no mercado um produto ou serviço, o Marketing aplica muitas técnicas fundamentadas em princípios científicos motivando consumidores a comprarem e deixá-los emocionados e encantados com o produto comprado.Até ai está muito bem, as pessoas ficam felizes, consomem mais, as empresas faturam, geram empregos e o governo recebe impostos que são aplicados em obras e serviços, também em beneficio das pessoas.
Mas como tudo tem suas conseqüências, podemos perceber que o ambiente sofre agressões por embalagens de difícil decomposição e muitas vezes confeccionadas com material impossível de ser reciclado.
São poucas as empresas que desempenham suas atividades de Marketing plenamente, que tem consciência, que preocupam com o meio ambiente cumprindo o seu compromisso ético de contribuir para a limpeza e conservação de recursos ambientais. No afã de vender e faturar alto entulham a natureza com residuos de produtos feito para encantar pessoas, pelas pessoas. Nenhuma instrução para o consumidor de como descartar corretamente uma embalagem.
Faltam esforços voltados para o bem estar social (Marketing Social) o que Almeida (2002) chama de ecoeficiência.Apesar de tanta indiferença, existem alguns casos interessantes de empresas, que poderia servir de exemplo para as demais, já com uma mentalidade cultural mais evoluída e imbuída de um espírito de marketing ecoeficiente. Além de que, isso já deveria ser uma filosofia do próprio marketing em todas empresas do mundo para manter a limpeza e equilíbrio do meio ambiente.
A revista de negócios Exame (24
de maio de 2006, pg. 99) publicou a seguinte noticia:
“A HP está levantando a bandeira
de que as empresas de eletroeletrônicos devem ser responsáveis pelos seus
produtos depois que os consumidores os jogam no lixo. Em 2005 a HP recolheu
mais de 2,5 milhões de equipamentos – parte deles doados ou vendidos no mercado
de produtos usados – e reciclaram mais de 70 mil toneladas de sucata. Seu
programa de reciclagem é o maior do mercado de eletrônicos”.
A responsabilidade, pelos produtos ou
embalagens após o uso, propõe ser uma questão óbvia das empresas, já que a criação
dos materiais geradores dos problemas de impacto ambiental é do próprio
marketing. Almeida (2002, pg. 119) cita um
interessante caso da Interface Fooring Systems, maior fabricante de tapetes e
carpetes comerciais do mundo:
Essa empresa já conseguiu evitar
que mais de dois milhões e quinhentos mil metros de carpetes aumentassem os
depósitos de lixo. Destes, um milhão de metros deixaram de ser jogados na
natureza só no ano 2000. Essa marca foi alcançada graças a um criativo programa
de reaproveitamento, que a empresa oferece como um serviço para os clientes.
Por meio desse serviço, batizado de ReEntry a Interface se
compromete a pegar de volta o carpete após um determinado período
preestabelecido com o próprio cliente no momento da compra. E responsabiliza
pela gestão do final de sua vida útil.
Casos semelhantes são utilizados pelos fabricantes
de pilhas e baterias que também se responsabilizam pelo destino dado aos seus
produtos quando perdem a utilidade para seus consumidores. A empresa Monsanto fabricante
do herbicida “Roudup” vende esse produto com o compromisso de ter a embalagem
devolvida após o produto ser consumido.A grande diferença, no caso, é que esses
são exigidos por lei, por causa da toxidade de componentes usados na
fabricação. A interface e outras empresas já fazem isso
voluntariamente se credenciando ao Marketing de ecoeficiência. Há ainda,
citações populares de uma empresa, fabricantes de tênis nos EUA, que paga em
dólar o valor correspondente às despesas de correios para devolução à fábrica
do tênis quando o consumidor achar que deve ser descartado. Existem muitos
casos esporádicos de empresas que já podem ser consideradas ecoeficientes,
contudo para reduzir o volume gigantesco de materiais descartados em lixões, os
casos existentes são insignificantes e apenas bons exemplos de um padrão
desejável.
2 - Preservação dos Recursos Naturais (Sustentabilidade) Ficar sem
explorar a natureza, de maneira radical, como defende algumas ONG’s, é
praticamente impossível. O homem necessita dela para a sua sobrevivência. Por
isso, é importante desenvolver uma educação ambiental que conscientizem pessoas
a explorar a natureza com respeito e racionalidade.
Arendt (1906-1975) “A Natureza é a única testemunha o tempTer respeito à natureza
significa entender a gratidão que devemos ter pelo que ela permite a existência
de nossa vida. o todo, de nossa existência nesse mundo”. Explorar
a natureza com racionalidade é a necessidade urgente que os setores (Governo;
ONG’s e Empresas) com a criatividade das suas áreas de marketing, precisam
desempenhar orientando e fiscalizando com eficiência, projetos bastante
apropriados de recuperação de áreas exploradas. O jornalista Marcelo
Leite, citado por Bernardo Esteves no site (http://ich.unito.com.br/3935),
explica que a exploração racional de florestas, por exemplo, é um
interessante negócio para as empresas e que a floresta não está ai
para ficar intocável para sempre. Ele mostra que a extração sustentável de
madeira é 35% mais rentável que a predatória. Isso porque "Danificando
menos a mata, sobretudo árvores mais jovens, e também preservando árvores
adultas de menor qualidade para que continuem a reproduzir-se, o manejo
florestal garante uma reposição mais rápida da madeira com valor
comercial", explica Leite.
Um interessante caso de sustentabilidade, e
excelente negócio para as empresas é colocado, também, por Almeida
(2002, p.92 a 93).
Quatro
empresas brasileiras fazem parte do Índice Dow Jones de sustentabilidade, o
índice bolsista criado em 1999 para ajudar investidores internacionais em busca
de ações diferenciadas no mercado e privilegiar empreendimentos que aliem
solidez e rentabilidade financeira a uma postura de ecoeficiência e
responsabilidade social. A Cemig, os bancos Itaú e Unibanco e a Embraer integram
o seleto grupo internacional de 312 empreendimentos escolhidos em 2001 para
compor o índice. Para fazer parte do índice Dow Jones de sustentabilidade [...]
as empresas são submetidas a uma rigorosa seleção. Na ultima analise, 2500
empreendimentos de 26 paises foram avaliados. Os que passam no teste sinalizam
aos investidores que sua capacidade de gerar mais lucros em longo prazo para os
acionistas está associada a uma filosofia de desenvolvimento sustentável. A
Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) é um dos empreendimentos
brasileiros escolhidos por dois anos consecutivos. Como resultado da exposição
do seu nome em revistas financeiras especializadas, a empresa comemora um
número cada vez maior de consultas de investidores do exterior. [...] contribuíram
para a inclusão da empresa mineira no DJSI a produção anual de um milhão de
alevinos para repovoamento dos reservatórios de suas hidroelétricas [...].
3 - Conclusão - aspectos culturais e hábitos no
descarte de resíduos
Para concluir esse trabalho, foi necessário a coleta de dados
primários para entender e confirmar o suposto de como as pessoas descartam seus
resíduos úmidos e sólidos. Usando técnica de observação em cozinhas de
apartamentos e casas onde foi possível o acesso para esse trabalho, sempre que
surgia a oportunidade e em dias diferentes, no espaço de quatro meses. Foram
obtidos resultados, com uma amostragem, praticamente padrão em 22 casos
observados. Isto é, mais de 99% das pessoas tendem a descartar papéis, plásticos, metais
e vidros, misturando-os aos resíduos úmidos que deveria ter um destino
totalmente diferente, fabricando assim o verdadeiro lixo. Na lixeirinha onde
deveria ser apenas de resíduos úmidos ou orgânicos, foram encontrado embalagens
de plásticos de frango, embalagens de biscoitos e até latinhas de
refrigerantes.
Resíduos Úmidos: são restos de alimentos que descartamos para o
seu preparo ou quando é feita a limpeza de panelas e restos de frituras. É
aquele material que fica no ralinho da pia quando lavamos a louça e que é
descartado corretamente na lixeirinha. Esse é um material orgânico de origem
animal ou vegetal que pode ser facilmente devolvido a natureza, de onde veio,
em forma de adubo e altamente conveniente ao meio ambiente. Seu destino deve
ser a compostagem e não aos lixões. Resíduos Sólidos: pode ser entendido
por todo material que geralmente vem da indústria assim como, plásticos,
papeis, metais e vidros (ppmv). É preciso entender que esse material não é
lixo. Vidro não é lixo, papel não é lixo, metal está longe de ser lixo e
plástico muito menos. Trata-se de um material reciclável que deve ser devolvido
a indústria e por isso não deveria ser misturado aos resíduos úmidos.
Podemos também, concluir que quando é jogado um pedaço de papel ou plástico em
uma lixeirinha de resíduos úmidos, ai sim, está sendo feito lixo e tirando a
condição de que a coleta seletiva se realize com eficiência.
Outra conclusão é
que as pessoas não estão sendo conscientizadas e nem adquirindo educação
ambiental. Um verdadeiro exemplo da falta de educação e conscientização foi
resultado de observação feita em recipiente para coleta seletiva em escolas e
em Shoping’s de Belo Horizonte, locais onde se supõe ser freqüentado por
pessoas com nível de educação considerável. Nos recipientes destinados a papéis
foram encontradas embalagens de iogurte, outros tipos de
plásticos, resíduos de sanduíches. No recipiente disponível a tudo em
comum, não tem como fazer coleta seletiva e conseqüentemente, por não plásticos
foram encontrados papeis, vidro etc.
Dessa forma, sem nenhuma seleção e como se
fosse conseguir uma escala de volume viável economicamente, a atividade pode
até ser inviabilizada.A solução para problema desse tipo parece mais adequada a
um esforço de comunicação através de formadores de opinião, como o marketing
das grandes redes de televisão, expondo exemplos de procedimentos corretos no
descarte dos resíduos em novelas, por celebridades. Essa estratégia já se
confirmou ser eficiente para gerar hábito, como no deuso do cinto de
segurança nos carros.
Uma comunicação com mais ênfase através
das próprias embalagens, orientando o consumidor a descartartá-las também seria
uma forma de contribuição desejável e até conveniente ao marketing. Desse modo
podemos entender que um grande problema não é a reciclagem ou coleta seletiva e
sim o “Descarte Seletivo” principal gerador dos grandes lixões. REFERÊNCIA
BIBLIOGRAFICA: SILVA, Carlos Eduardo Lins de.Ecologia e Sociedade.
São Paulo: Loyola, 1978.ALMEIDA, Fernand. O Bom Negocio da
Sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira 2002.FILIPPI JÚNIOR,
Arlindo. (Org). Saneamento do Meio. São Paulo:Fundacentro,
Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Publica, Depto. De Saúde
Ambiental, 1992.BERTON, Ronaldo S. Valadares ( é umnome só? São dois
autores?). Potencial Agrícola do Composto de Lixo Urbano. São
Paulo: O Agronômico, 1991.INSTITUTO GEA, (http://www.institutogea.org.br/26.htm)
Rev. Exame, p. 99 – maio. 2006