10.07.2022

TUPACIGUARA 1963 - A MAIOR LIÇÃO DO CIVISMO



Otoni Torres (joão) - junho 1963 


 

Depois de assistirmos às festas monumentais da comemoração do cinquentenário de Tupaciguara, novos sentimentos nasceram em nossas almas. Quem assiste à vida deTupaciguara, com seu povo mais devotado às atividades rurais, seus operários urbanos, seus homens de trabalho, na simplicidade de suas vestes, de suas pessoas, de sua cultura, de sua própria maneira de ser e de sentir, jamais poderia imaginar que, sob a aparente indiferença e incapacidade dessa gente, pudesse se ocultar o gigante da possibilidade realizadora, quando as almas sofrem a inspiração do amor a terra       

E vimos uma Tupaciguara diferente, por ocasião das festas do seu cinquentenário. Ninguém se omitiu, ninguém deu mais valor às atividades particulares, ninguém deixou de doar sua colaboração à organização dos festejos. E que Tupaciguara linda foi aquela que viu seus filhos saírem às ruas, deixando estampados nos seus semblantes o entusiasmo pela grande comemoração. Era o espetáculo do entusiasmo, do amor a terra, o desfile de rostos sorridentes, de almas que se despertaram para a alegria coletiva. E a beleza dos ornamentos e dos carros alegóricos deixou nos aquela antecipação de saudade inspirando nos aproveitar cada momento daquele jubilo coletivo na quase certeza que jamais assistiríamos outro espetáculo daquele.

Terminado a festa veio de fato a saudade. Como que se o povo tivesse alegrado sob efeitos hipnóticos amanheceu a cidade normal com o povo simples em suas vestes, em seus semblantes, em seus costumes, em suas maneiras de ser e sentir..



Entretanto não se passou um ano sequer, para assistirmos a outro espetáculo ainda maior que o primeiro. Quase boquiabertos pela perplexidade fomos surpreendidos pelo barulho de uma propaganda politica. Rompemos nossa momentânea imobilidade, para compreender que estávamos diante do maior espetáculo cívico de todos o tempos em nossas ruas: eram os estudantes saindo para suas campanha politica. Eram moços e meninas a agitar a cidade proclamando seus ideais estudantis, falando da esperança pelo futuro da pátria, falando da sua  na força da mocidade, defendendo o primado do ideal. 

E que politica senhores politicos, era uma politica educada sem ofensas pessoais, sem ódio e acima de tudo sem a hipocrisia que se desenrola na politica que marca a corrida para o poder publico. Eram candidatos e eleitores sem compromisso com o passado, sem interesses econômicos, sem o primado da vaidade, sobre a vontade de servir. Uma campanha que podia conviver com a cordialidade, que não destrói a fonte dos sorrisos, que não cria inimizades eternas. Campanhas sem traições, sem promessas de perseguições, sem a expectativa das calunias, que são na politica de gente grande a coroa de espinho dos derrotados.

 Assistimos aquele espetáculo, vendo bem no alto a figura dos estudantes dirigirem aos mais velhos uma advertência assim: - "aprenda conosco, senhores politicos" 

E nos que, também já fomos estudantes e que vivenciamos as mesmas campanhas sob os mesmos princípios nada chegamos aprender. Mas, conseguimos nos relembrar de certos métodos e princípios que a politica partidária insiste em destruir dentro de nos.